Sunday, March 26, 2006

A Primeira Impressão


Quando te conheci, não sabia quem tu eras, quem tu querias que eu pensasse que eras, nem sabiam quem tu pretendias ser na minha vida.
Quando te conheci soube somente o teu nome e nada mais. Sabes, aqueles conhecimentos que se vão tendo no decorrer da nossa vida, tipo, o amigo da amiga que também é amigo da amiga da minha amiga, enfim, todo esse percurso.
Não sabia quem eras, mas para mim, passaste a ser, apenas, mais uma pessoa a quem eu teria que exercer toda a minha boa educação. Passarias a ser mais alguém a quem eu iria dar o bom dia , a boa tarde a boa noite conforme fosse a altura que nos cruzássemos independentemente do local. E assim foi. Nunca mais nos vimos.
O teu nome, hoje já não me recordo bem, mas que importa isso, se a única troca de palavras que teria contigo não passaria apenas de uma mera formalidade?
No entanto, estranhei quando, me chegou aos ouvidos a notícia que andavas mal, que andavas a cometer erros atrás de erros, que sofrias, que andavas a afastar todos à tua volta, que eras rude e insolente. Fiquei pensativa e tentei voltar atrás no tempo e lembrar-me do dia em que te conheci. Desse dia, trago de ti a lembrança de alguém com uma certa postura, afável e bem-disposta. Foram poucos os minutos que rodearam o nosso conhecimento, por isso, de ti guardo somente uma boa lembrança. Até porque nunca mais te vi, nunca mais me cruzei contigo. Será que nem sempre o que é parece ser?! Porque teremos sempre a tendência para julgar alguém pela primeira aparência? É impossível julgar alguém por uns segundos ou uns minutos...e o que está por detrás dessa pessoa, o percurso que essa pessoa viveu não interessa? Não, não poderia permitir a mim mesma o pensamento de coitado, parecia-me ser tão boa pessoa! Quem me diria que nessa altura tu já não sofrias, não eras rude e insolente? E depois, e, se tu fosses assim tão negativo, não te iria cumprimentar, não iria conhecer-te, pôr-te-ia de lado, na prateleira dos intratáveis, dos “não quero saber quem é”?
Respondi a mim mesma que não, que se me cruzasse contigo, te estenderia a mão e tentaria conhecer-te um pouco mais. Não porque soubesse que estarias a passar maus momentos, mas para me poder inteirar de quem tu realmente és, ou daquilo que tu queres que pensemos que és. Não é assim com toda a gente? Não tratamos as pessoas de maneira diferente? Não nos damos a conhecer mais a umas pessoas do que as outras? E porque é que agimos assim? Porque é que a primeira aparência tem que ser tão importante? Muitas vezes, ela, a primeira aparência, não é o espelho da nossa alma e mesmo assim ela é o nosso cartão de apresentação!
Tu só te tornarás alguém especial e só ocuparás um lugar na minha vida quando eu te conhecer verdadeiramente, quando eu souber o que pensas, o que sentes, o que desejas, o que sofres, o que vives, o bom e o mau que há em ti.
Para isso, teremos que caminhar mais um pouco, mas juntos, e os dias, os meses, os anos de caminho partilhado irão soltar em nós a amizade e aí sim, tu serás alguém na minha vida, porque, por enquanto, não passas de um desconhecido!

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