
Quando te conheci, não sabia quem tu eras, quem tu querias que eu pensasse que eras, nem sabiam quem tu pretendias ser na minha vida.
Quando te conheci soube somente o teu nome e nada mais. Sabes, aqueles conhecimentos que se vão tendo no decorrer da nossa vida, tipo, o amigo da amiga que também é amigo da amiga da minha amiga, enfim, todo esse percurso.
Não sabia quem eras, mas para mim, passaste a ser, apenas, mais uma pessoa a quem eu teria que exercer toda a minha boa educação. Passarias a ser mais alguém a quem eu iria dar o bom dia , a boa tarde a boa noite conforme fosse a altura que nos cruzássemos independentemente do local. E assim foi. Nunca mais nos vimos.
O teu nome, hoje já não me recordo bem, mas que importa isso, se a única troca de palavras que teria contigo não passaria apenas de uma mera formalidade?
No entanto, estranhei quando, me chegou aos ouvidos a notícia que andavas mal, que andavas a cometer erros atrás de erros, que sofrias, que andavas a afastar todos à tua volta, que eras rude e insolente. Fiquei pensativa e tentei voltar atrás no tempo e lembrar-me do dia em que te conheci. Desse dia, trago de ti a lembrança de alguém com uma certa postura, afável e bem-disposta. Foram poucos os minutos que rodearam o nosso conhecimento, por isso, de ti guardo somente uma boa lembrança. Até porque nunca mais te vi, nunca mais me cruzei contigo. Será que nem sempre o que é parece ser?! Porque teremos sempre a tendência para julgar alguém pela primeira aparência? É impossível julgar alguém por uns segundos ou uns minutos...e o que está por detrás dessa pessoa, o percurso que essa pessoa viveu não interessa? Não, não poderia permitir a mim mesma o pensamento de coitado, parecia-me ser tão boa pessoa! Quem me diria que nessa altura tu já não sofrias, não eras rude e insolente? E depois, e, se tu fosses assim tão negativo, não te iria cumprimentar, não iria conhecer-te, pôr-te-ia de lado, na prateleira dos intratáveis, dos “não quero saber quem é”?
Respondi a mim mesma que não, que se me cruzasse contigo, te estenderia a mão e tentaria conhecer-te um pouco mais. Não porque soubesse que estarias a passar maus momentos, mas para me poder inteirar de quem tu realmente és, ou daquilo que tu queres que pensemos que és. Não é assim com toda a gente? Não tratamos as pessoas de maneira diferente? Não nos damos a conhecer mais a umas pessoas do que as outras? E porque é que agimos assim? Porque é que a primeira aparência tem que ser tão importante? Muitas vezes, ela, a primeira aparência, não é o espelho da nossa alma e mesmo assim ela é o nosso cartão de apresentação!
Tu só te tornarás alguém especial e só ocuparás um lugar na minha vida quando eu te conhecer verdadeiramente, quando eu souber o que pensas, o que sentes, o que desejas, o que sofres, o que vives, o bom e o mau que há em ti.
Para isso, teremos que caminhar mais um pouco, mas juntos, e os dias, os meses, os anos de caminho partilhado irão soltar em nós a amizade e aí sim, tu serás alguém na minha vida, porque, por enquanto, não passas de um desconhecido!
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